Foto de Maria Luzia Couto Teixeira
Não fosse o escritor Márcio Paschoal, meu vizinho no Leme e biógrafo do João do Vale, eu não me lembraria de que este grande compositor maranhense, meu querido amigo e inesquecível parceiro, se estivesse vivo, teria chegado ontem aos 80 anos de idade. Autor, entre outros sucessos, de "Carcará", "Pisa na fulô" e "Peba na pimenta", ele se tornou conhecido nacionalmente com o espetáculo musical "Opinião", o primeiro show de resistência à ditadura, encenado no Rio de Janeiro logo após o golpe militar, em 1964. Foi lá, no teatrinho da Siqueira Campos, em Copacabana, aonde não cansávamos de voltar, em busca de alento na resistência do Carcará à seca nordestina, que conheci João do Vale, Martinho da Vila ainda sargento e Caetano chegando com a Bethânia, que viera substituir Nara Leão, como menina da classe média da Zona Sul. O terceiro protagonista, representando a favela, era o Zé Kéti.
A foto é do meu último encontro com o João do Vale, em São Luís, onde eu estava para palestra e noite de autógrafos, em outubro de 1995. Ele tinha voltado a morar no Maranhão e continuava, com o bom humor que nunca lhe faltou, tentando se refazer do AVC que o tornara dependente de cadeira de rodas. A nossa música, o coco "Pra multiplicar o bem" ou "Catirino", havia sido gravada, no ano anterior, pela Vanja Orico, com a participação especial do Quinteto Violado.
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