O artigo "A Lava-Jato e o Partido
dos Trabalhadores", do eminente professor Wanderley Guilherme dos
Santos, é uma bem fundamentada análise do escândalo de corrupção que tumultua o
cenário político nacional. Conforme ele explica, citando exemplos históricos
como a Grã-Bretanha e os EUA, a corrupção é própria da evolução das principais
sociedades capitalistas, como vem sendo, já há muito tempo, inclusive da nossa.
Novidade mesmo, ainda que relativa, só é
a concentração de acusações, pelo que informa a grande mídia, em políticos do
PT, partido que, antes do Mensalão, jamais se vira envolvido nessas práticas
delituosas.
Por considerar imprescindível a completa e irrestrita
apuração das graves denúncias, manipuladas pela oposição com o indisfarçável
objetivo de uma revanche pela quarta derrota consecutiva nas eleições
presidenciais, sempre achei um erro político a resistência às investigações do
Ministério Público, mediante campanha contra o juiz Sérgio Moro ou contra
Rodrigo Janot, o procurador-geral da República que o Senado acaba de reconduzir
ao cargo por ampla maioria: de 59
a 12 votos.
A corrupção é uma forma de putrefação social, um mal
indefensável e suprapartidário que tem que ser banido em nome e com a ajuda do
povo explorado e excluído, que, pelo menos até agora, sempre foi quem acabou
pagando a conta. Mas, quem sabe se não será diferente desta vez ? Quando o
coleguinha Elio Gaspari, que conheci quando dava os seus primeiros e
promissores passos no jornalismo, já chamou a atenção para o que batizou,
acertadamente, de "fenômeno histórico: a Lava-Jato feriu o coração da
oligarquia brasileira. Tanto burocratas oniscientes como empresários
onipotentes estão encarcerados em Curitiba..." Algum de vocês já tinha
visto isso antes ? Pois é, e eu nem precisaria acrescentar que esta é a maior
novidade neste caso.
Arthur Poerner
8 comentários:
Excelente comentário. Estou compartilhando.
Parabéns pelo texto concordo que a corrupção e suprapartidário mais não me surpreende a participação do PT pois sempre tive a certeza que quando o PT estivesse no governo isso aconteceria pois ao se juntar ao PMDB sabíamos que era um fato espero que outras lavo jato de outros partidos apareça abraço
A Lava-Jato tem dois problemas. Um poderia ser tolerado, em sua excepcionalidade, não fosse o outro: é que está em desacordo com a norma jurídica e viola direitos constitucionais. Tolerável, apenas como remédio excepcional para um procedimento que se adequou ao sistema de modo a fugir a qualquer tentativa de repressão por via legal; exceção, decerto, perigosa. Mas o que torna a Lava-Jato suspeitosíssima é que é voltada exclusivamente para um partido político e um grupo de empresas, deixando de lado quaisquer outras das conhecidas e abundantes falcatruas; que esse grupo de empresas reúna justamente aquelas que invadem o mercado internacional de serviços oferecendo, com apoio do estado brasileiro (como acontece em qualquer país capitalista), condições competitivas de atuação, sem imposições politicas; que tais empresas sejam as que se habilitam a deter tecnologia e expertise na produção de itens sensíveis nos setores de energia e defesa. Acresce um fator contextual - a tensão nas relações internacionais - e outro politico - a identificação entre os agentes repressores, grupos de direita e uma imprensa que, todos sabem, vendeu-se há muito ao poder global.
Papagaio faz das suas
Periquito paga o pato
A raposa se insinua
O galo se faz de gato.
Lembra toda coalizão
Onde intriga se repete
Mostrando sua opção
Ao vestir camisa sete.
Amarelo não é bege
O peixe caiu na rede.
Todo mundo se protege
Encostado na parede.
A vergonha foi embora
E não disse para onde
Mas isso não é de agora
Viajou antes do bonde.
E quem disso se aproveita
Aplica golpe maior.
É a turma da direita
Do quanto pior, melhor.
Só para concordar com você quanto ao fenômeno da corrupção e à "Lava-Jato" e registrar que fui testemunha pessoal da sua proximidade com o Elio Gaspari na juventude, pois o conheci em sua casa ali na Rua Eurico Cruz (ou seria na Getúlio das Neves?) ali no Jardim Botânico.
Foi na Eurico Cruz, Poggi, minha última residência antes do exílio, de onde os agentes do DOI-Codi levaram mais de cem livros, enquanto outro grupo me prendia na Redação do "Correio da Manhã". Jamais consegui reavê-los, apesar de todo o empenho do Evaristinho, o meu advogado.
Artigo perfeito. Quanto ao Hélio Gasparari, me lembro bem, ele ainda era conhecido como parmegiani, apelido que ganhou quando trabalhava na Prensa Latina e cunhado por Aroldo Wal
Admiro muito o Elio, desde antes dele trabalhar para o Ibrahim Sued. Este comentário que você cita, Poerner, não vi.
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