terça-feira, 7 de abril de 2009

Jan.2009, entrevista ao "Jornal da ABI"








3 comentários:

Anônimo disse...

11 de maio de 2009 21:11
DE: Affonso Arinos de Mello Franco

Para: Arthur Poerner
Meu caro Arthur,
muito obrigado pelas matérias. Não sabia o quanto você havia sofrido nas mãos daqueles bandidos. O Flávio Tavares, meu amigo, contou-me um dia ter levado tempo até conseguir superar uma espécie de bloqueio psicológico que o impedia de narrar, no seu livro de "memórias do cárcere", as torturas por que passou.
Grato abraço do
Afonso Arinos.

Anônimo disse...

Ainda sobre a ditadura
1º de maio de 2009 00:20
De: Alaor Barbosa
Para: Arthur Poerner

Goiânia, 30.4.2009.

Estimado Arthur Poerner,
acabei de ler neste momento sua entrevista, que você teve a bondade de me remeter. Gostei das informações, que me acordaram e suscitaram sentidas lembranças. Muita coisa contada por você me repôs no Rio que eu vivi: de 1956 a 1964. Goiano de Morrinhos, fui para o Rio estudar em 1956, com 15 anos. Morei no Flamengo/Catete (Rua Corrêa Dutra) em1956, na Dois de Dezembro e na Ipiranga em 1957/1958, na Praia de Botafogo em 1958, na Rua Duvivier, em Copacabana, em 1959 e 1960, etc. etc.etc. Morei em tantos lugares que tomei raiva de mudança para o resto da vida. Morava mal: quase sempre em vagas e em quartos. Me lembro bem do teu Colégio Amaro Cavalcanti, no Largo do Machado. Estudei no Juruena em 1956 e no Rui Barbosa, na Gago Coutinho, em 1957 e 1958. Como você vê, circulávamos no mesmo ambiente do Rio. Só que eu sou um pouco mais velho do que você. Entrei no jornalismo em 1959 (na Rádio Jornal do Brasil) e em 1960 no Jornal do Brasil. Terminei minha trajetória carioca no Novos Rumos. O golpe de abril de 1964 me fez o favor de me restituir à minha terra, Goiás. Onde fui preso por 19 dias. Algum tempo depois de solto, me casei, me formei em Direito, virei advogado, atravessei muita peripécia e vicissitude e terminei aposentado no Senado, em cuja Consultoria Legislativa ingressei, em 1985, por concurso público de provas e títulos realizado durante o ano anterior.
Conheço muito você de nome e de prestígio. Confesso que, por falhas minhas, num li os seus livros, o que, sinto, constitui uma lacuna na minha experiência intelectual de Brasil. Acho que posso explicar essa falha com o fato de ter mergulhado numa luta braba de sobrevivência (física, financeira, moral, intelectual) em Goiás, longe do ambiente do Rio. (Acho que se eu tivesse ficado no Rio teriam me matado: esta quase certeza me apartou psicologicamente do Rio muito tempo). O governador da Guanabara era, unilateralmente, meu inimigo. Foi ele - muita coisa indica - quem exigiu minha demissão do Jornal do Brasil, o que ocorreu no dia 2 de janeiro de 1962 - ano em que você começou no jornalismo. O policial que me ajudou a fugir do Rio no dia 8 de abril de 1964 me disse: "Vou te ajudar a sair do Rio porque você é muito novo, num pode cair nas mãos da polícia da Guanabara, se te pegarem acabam com você". Fui para Belo Horizonte, onde, anônimo, vendi livros de porta em porta para sobreviver. Voltando para Goiás, cometi o erro de retornar ao jornalismo. Fui preso. Algum tempo depois que saí, me homiziei (achando que para o resto da vida) em minha pequena cidade, e comecei a advogar.
Num sei por quê tô te contando tudo isso, com a sensação de estar abusando da brecha aberta por você ao me mandar sua entrevista.
Vejo que você é amigo do Sérgio Muylaert. Também sou. Gosto muito dele. Um sujeito digno, decente, corretíssimo.
Abraço forte do
Alaor Barbosa.
P. S. Escrevi, há uns dois anos, uma longa análise do livro do Elio Gaspari (em 4 volumes: A ditadura envergonhada, etc. etc. ) sobre o golpe de 1964. Se você quiser (mas não o queira só pra ser gentil), posso te mandar. Saiu em um jornal de Goiânia e num teve repercussão alguma. Nem o Elio se manifestou. Pode ser que ele num tenha gostado muito de algumas retificações (de pormenores) que fiz ao livro dele, que é um trabalho tremendamente valioso.

Marilia Melo disse...

10 de outubro de 2009 14:45
Olá Poerner
Li a entrevista e gostei muito. É o testemunho importante de um período histórico muito duro e devemos criar condições para que não aconteça nunca mais...
Bjs
Marilia