terça-feira, 23 de março de 2010


... Mas, o que mais se destaca em sua vida é que, como autor de muitos livros de premiada qualidade literária, fez deles um espaço de denúncia dos “horríveis fatos do dia-a-dia dos terríveis anos da ditadura” como diz Sérgio Britto: “Nas profundas do inferno é um romance que discute e analisa a ditadura militar que assolou o Brasil. Poerner não perdoa: o livro, escrito em 1976, durante o seu exílio, e só publicado no Brasil em 1979, parece ser, mais do que os seus valores literários indiscutíveis, o primeiro romance que rompe com a alienação”.

Romance e documento, como diz Jorge Amado, o livro do Poerner é um “bom exemplo do que deve ser a literatura voltada para a realidade eminentemente política, fazendo dela a massa, o barro, o cerne de sua construção, embora romance, antes de tudo”. Nas profundas do inferno foi lançado na Espanha, premiado na Itália e tem três edições no Brasil.

Autor de muitos outros livros, entre eles: O poder jovem: história da participação política dos estudantes brasileiros, proibido pela ditadura após o AI-5, relançado, clandestinamente, pelo movimento estudantil, em 1977, e já na 5ª edição; Argélia: o caminho da independência; e Identidade cultural na era da globalização.

É co-autor, entre outras obras, de Assim marcha a família, Memórias do exílio e Nossa paixão era inventar um novo tempo, coletânea de depoimentos sobre a resistência à ditadura militar.

Poerner foi condecorado, em 2000, com a Medalha de Mérito Pedro Ernesto, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, e, em 2005, com o Título de Benemérito do Estado do Rio de Janeiro, da Assembléia Legislativa.

E, para finalizar, o texto de Alessandra Daflon:

“Notas, gotas e fragrâncias... aromas do tempo do porvir: breves palavras e Arthur Poerner

Dos bons encontros, novos campos de batalha se constituem, novos enfrentamentos... como escreveu Gilles Deleuze, “encontram-se pessoas (...), mas também movimentos, idéias, acontecimentos, entidades. (...) Encontrar é descobrir, capturar (...). É assim que se cria, não algo mútuo, mas um bloco assimétrico, (...) sempre ‘fora’ e ‘entre’’’. Encontrar é resistir. É dizer, falar, quebrar o segredo, sonorizar o silêncio. D’O poder jovem , passando pelas Profundas do Inferno, nas quimbandas e sambas, da Fiorentina ao Lamas, encontramos Poerner nos desvios cheios de futuro! Escritor, jornalista, professor, militante intransigente pela liberdade ‘(...) contra a amnésia das coisas que valem a pena ser recordadas’, carioca, flamenguista e boêmio, Arthur Poerner figura entre as mais generosas, charmosas e delicadas almas. Nas dobras do tempo, constrói uma história de luta e engajamento, não aquela do ‘H’, mas a dos seres de carne e osso. História viva, dos confrontos e enfrentamentos, história-movimento... do tempo do porvir...”


Para você, Poerner, as nossas homenagens.

segunda-feira, 8 de março de 2010

sexta-feira, 5 de março de 2010