domingo, 29 de novembro de 2015

A mídia não escolhe os mortos por quem devo chorar


      Continuo chocado com o massacre perpetrado pelo Estado Islâmico em Paris, mas também com o que, há uns sete meses,ceifou a vida de 142 estudantes em Garissa, no Quênia, promovido pelo Al-Shabaab, grupo terrorista ligado a Al-Qaeda. Como não esquecerei jamais os milhares de mortos na inauguração do terrorismo oficial de Estado, em 1945, quando eu tinha cinco anos, com as bombas atômicas norte-americanas em Hiroshima e Nagasaki.
      Se esta extensa convivência com matanças, inclusive ao longo de meio século de trabalho jornalístico, me ensinou algo, é que não devemos permitir jamais que a grande mídia, nacional ou internacional, selecione os mortos pelos quais devemos chorar. Por que nada sabemos, por exemplo, sobre os mortos nos bombardeios franceses e de outras grandes potências na Líbia ? Por que somente os mortos do chamado "mundo ocidental cristão" merecem ser pranteados ?


                                               Arthur Poerner


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Higiene mental

  
 Quando se tem projeto (s), isto é, não se está aqui a passeio, até o tempo para a leitura de jornais começa a escassear. Para não me estressar, decidi suprimir todas aquelas leituras que são repetições diárias e somente nos trazem mais do mesmo. Como as daqueles coleguinhas que, ainda inconformados com os resultados das quatro últimas eleições presidenciais, fizeram do impedimento da Dilma ou da busca de alguma outra forma de burlar o veredito das urnas a razão de suas vidas.
      O resultado da medida sanitária não poderia ter sido melhor, pois sobrou tempo até para conhecer visões originais e sensíveis, de articulistas como Dorrit Harazim e Adriana Carranca, da maior tragédia atual da Humanidade: os milhares de refugiados, sobretudo da Síria e do Afeganistão, que chegam, todos os dias, à Europa Ocidental.

                                           Arthur Poerner