segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Asilo para Edward Snowden!


     A presidenta Dilma Rousseff foi surpreendida hoje por vários pedidos de asilo político no Brasil para Edward Snowden. Ajude o heroi da liberdade de informação assinando a petição criada por David Miranda:  http://www.avaaz.org/asilo_snowden




     Ilustre governador Tarso Genro,
     o ex-agente de informação Edward Snowden já é um benfeitor da Humanidade, muito mais merecedor do Prêmio Nobel da Paz do que o já agraciado presidente Obama, como o mundo inteiro começa, aos poucos, a reconhecer. E os excessos totalitários da espionagem norte-americana, que ousam violar até mesmo a privacidade da nossa presidenta da República, constituem gravíssima afronta à soberania nacional brasileira.
     Não há, portanto, qualquer razão para negar ao Snowden generosa acolhida, inclusive de acordo com a histórica tradição de asilo político do Itamaraty. Seria, além disso, mais uma prova cabal de que está em pleno curso o processo de consolidação da nossa democracia. Tucídides já dizia, mais de quatro séculos antes de Cristo, que o segredo da felicidade é a liberdade; e o da liberdade, a coragem, Precisamos ter, na política externa, a mesma coragem que tivemos na resistência à ditadura. Com os votos de felicidade e o abraço do Arthur Poerner

sábado, 18 de janeiro de 2014

O acerto e a ingenuidade



     O acerto foi, sem dúvida, da parte brasileira da organização desta já próxima Copa do Mundo de Futebol, ao emplacar o tatu-bola como mascote, antes que nos impusessem goela abaixo, junto com o banimento das baianas do acarajé das cercanias do estádio da Fonte Nova, em Salvador, algum dos raros sobreviventes da fauna primeiro-mundista, alguma rena com trenó e tudo.
     Já o nosso mascote, quando se sente ameaçado ou pressente algum perigo, se enrola, ingenuamente, dentro da carapaça, formando uma bola - justamente, a maior paixão deste país, brinquedo que aqui desperta a volúpia do chute em todo mundo, do neném ainda nos primeiros passos ao mais venerável ancião. Ano passado, não eclodiu um bate-bola com o  Arnaldo Niskier na circunspecta Academia Brasileira de Letras, ameaçando virar pelada entre aquelas vetustas cadeiras ? Basta pintar uma bola para que até a nossa presidenta tente o seu chutinho, como aconteceu dia desses, na inauguração de um dos estádios da Copa. O chute é uma vocação nacional.
       Assim, disfarçado de bola, que atrai, ao invés de desviar as atenções, não podia dar outra: o tatu-bola acabou entrando na relação das espécies em extinção, ao contrário do camaleão, que, com a sua propriedade de mudar, com facilidade e rapidez, de coloração, sobrevive, tranquilamente, entre os lagartos, além de haver-se tornado, mais do que mascote, um modelo de conduta para os políticos do país, cujas cores partidárias e ideológicas também variam conforme as circunstâncias.
      Deve ter sido por isso que era um tatu-bola, "filho do tatu-bolinha" - e não um camaleão -, o animal de estimação que acompanhava o eterno Dorival Caymmi naquele acidentado deslocamento dos Olhos d'Água a Alagoínha, que até virou música.
                                                                                         Arthur Poerner                                                                                

Fiz uma viagem    

Dorival Caymmi


Eu fiz uma viagem
A qual foi pequeninha
Eu sai dos Olhos d'Água
Fui até Alagoinha

Agora colega veja
Como carregado eu vinha
Trazia minha nega
E também minha filhinha

Trazia o meu tatu-bola
Filho do tatu-bolinha
Trazia o meu facão
Com todo o aço que tinha

Vinte couros de boi manso
Só no bocal da bainha
Trazia uma capoeira
Com quatrocentas galinhas

Vinte sacos de feijão
E trinta sacos de farinha
Mas a sorte desandou
Quando eu cheguei em Alagoinha

Bexiga deu na nega
Catapora na filhinha
Morreu o meu tatu-bola
Filho do tatu-bolinha

Roubaram o meu facão
Como todo o aço que tinha
Vinte couros de boi manso
Só no bocal da bainha

Morreu minha capoeira
Das quatrocentas galinhas
Gorgulho deu no feijão, colega
E deu mofo na farinha

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Vamos ouvir Delcio Carvalho ?


     Olá Amigos queridos, estou marcando um encontro na segunda feira, dia 13 de janeiro, para que possamos ouvir juntos o novo cd de DELCIO CARVALHO cujo o título (dado por Mario Lago Filho) é LADO D de DELCIO CARVALHO com direção musical de AFONSO MACHADO. Vamos ouvir, vamos comentar, vamos rir muito, quem sabe dar uma choradinha de saudade. Mas com certeza haverá no ar muita emoção, muita energia positiva (pois mesmo não estando presente Delcio emana esta energia)e não tenho a menor dúvida ouviremos músicas da melhor qualidade na voz inesquecível de Delcio. Gostaria de ver todos no SEVERINA na Rua Ipiranga, 54 em Laranjeiras (no segundo andar) a partir das 20 horas. Cada um receberá o seu boleto para pagar o que consumir, tá? Gostaria eu de poder bancar, mas o negócio está esquisito. Espero todos com muito carinho. beijão Bertha
P.S. IMPORTANTE: SOMENTE OS MÚSICOS E QUEM PARTICIPOU NA EXECUÇÃO DO CD O RECEBERÃO DE GRAÇA. OS OUTROS AMIGOS PAGARÃO UMA QUANTIA PROMOCIONAL DE RS$ 15 REAIS (QUINZE REAIS). Com os nossos agradecimentos Bertha Nutels







quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A segunda tortura de José Genoíno


(texto de Tarso Genro, publicado na Carta Maior em 16 de novembro de 2013)

     José Genoíno foi brutalmente torturado na ditadura e seus torturadores continuam aí, sorridentes e impunes pelo que fizeram nos porões do regime, abrigados até agora por decisões deste mesmo Tribunal que condena sem provas militantes do PT. José Dirceu coordenou a vitória legítima de Lula, para o seu primeiro mandato. Os que compraram votos para reeleger Fernando Henrique estão também por aí, livres e gaudérios. Essas comparações pairam sobre o prestígio do STF e sobre o Estado de Direito no Brasil.

Por Tarso Genro


     Ernst Bloch, na sua crítica aos princípios do Direito Natural sem fundamentação histórica, defendeu que não é sustentável que o homem seja considerado, por nascimento, “livre e igual”, pois não há “direitos inatos, e sim que todos são adquiridos em luta”. Esta categorização, “direitos adquiridos em luta”, é fundamental para compreender as ordens políticas vigentes como Estado de Direito, que proclamam um elenco de princípios contraditórios, que ora expressam com maior vigor as conquistas dos que se consideram oprimidos e explorados no sistema de poder que está sendo impugnado, ora expressam resistências dos privilegiados, que fruem o poder real: os donos do dinheiro e do poder.

     Esta dupla possibilidade de uma ordem política, inscrita em todas as constituições, mais ou menos democráticas, às vezes revela-se mais intensamente no contencioso político, às vezes ela bate à porta dos Tribunais. A disputa sobre o modelo de desenvolvimento do país, por exemplo, embora em alguns momentos tenha sido judicializada, deu-se até agora, predominantemente, pela via política, na qual o PT e seus aliados de esquerda e do centro político foram vitoriosos, embora com alianças pragmáticas e por vezes tortuosas para ter governabilidade.

     Já a disputa sobre a interpretação das normas jurídicas que regem a anistia em nosso país e a disputa sobre as heranças dos dois governos do presidente Lula tem sido, predominantemente, judicializadas. São levadas, portanto, para uma instância na qual a direita política, os privilegiados, os conservadores em geral (que tentaram sempre fulminar o Prouni, o Bolsa Família, as políticas de valorização do salário mínimo, as políticas de discriminação positiva, e outras políticas progressistas), tem maior possibilidade de influenciar.

     Quando falo aqui em “influência” não estou me referindo a incidência que as forças conservadoras ou reacionárias podem ter sobre a integridade moral do Poder Judiciário ou mesmo sobre a sua honestidade intelectual. Refiro-me ao flanco em que aquelas forças – em determinados assuntos ou em determinadas circunstâncias- podem exercer com maior sucesso a sua hegemonia, sem desconstituir a ordem jurídica formal, mantendo mínimos padrões de legitimidade.

     O chamado processo do “mensalão” obedeceu minimamente os ritos formais do Estado de Direito, com atropelos passíveis de serem cometido sem maiores danos à defesa, para chegar a final previamente determinado, exigido pela grande mídia, contingenciado por ela e expressando plenamente o que as forças mais elitistas e conservadoras do país pretendiam do processo: derrotados na política, hoje com três mandatos progressistas nas costas, levaram a disputa ao Poder Judiciário para uma gloriosa “revanche”: ali, a direita derrotada poderia fundir (e fundiu) uma ilusória vitória através do Direito, para tentar preparar-se para uma vitória no terreno da política. As prisões de Genoíno e José Dirceu foram celebradas freneticamente pela grande imprensa.

     Sustento que os vícios formais do processo, que foram corretamente apontados pelos advogados de defesa – falo dos réus José Genoíno e José Dirceu – foram totalmente secundários para as suas condenações. Estas, já estavam deliberadas antes de qualquer prova, pela grande mídia e pelas forças conservadoras e reacionárias que lhe são tributárias, cuja pressão sobre a Suprema Corte – com o acolhimento ideológico de alguns dos Juízes- tornou-se insuportável para a ampla maioria deles.

     Lembro: antes que fossem produzidas quaisquer provas os réus já eram tratados diuturnamente como “quadrilheiros”, “mensaleiros”, “delinquentes”, não somente pela maioria da grande imprensa, mas também por ilustres figuras originárias dos partidos derrotados nas eleições presidenciais e pela banda de música do esquerdismo, rapidamente aliada conjuntural da pior direita nos ataques aos Governos Lula. Formou-se assim uma santa aliança, antes do processo, para produzir a convicção pública que só as condenações resgatariam a “dignidade da República”, tal qual ela é entendida pelos padrões midiáticos dominantes.

     Em casos como este, no qual a grande mídia tritura indivíduos, coopta consciências e define comportamentos, mais além de meras convicções jurídicas e morais, não está em jogo ser corajoso ou não, honesto ou não, democrata ou não. Está em questão a própria funcionalidade do Estado de Direito, que sem desestruturar a ordem jurídica formal pode flexioná-la para dar guarida a interesses políticos estratégicos opostos aos que “adquirem direitos em luta”. Embora estes direitos sejam conquistas que não abalam os padrões de dominação do capital financeiro, que tutela impiedosamente as ordens democráticas modernas, sempre é bom avisar que tudo tem limites. O aviso está dado. Mas ele surtirá efeitos terminativos?

     Este realismo político do Supremo ao condenar sem provas, num processo que foi legalmente instituído e acompanhado por todo o povo – cercado por um poder midiático que tornou irrelevantes as fundamentações dos Juízes – tem um preço: ao escolher que este seria o melhor desfecho não encerrou o episódio. Ficam pairando, isto sim, sobre a República e sobre o próprio prestígio da Suprema Corte, algumas comparações de profundo significado histórico, que irão influir de maneira decisiva em nosso futuro democrático.

     José Genoíno foi brutalmente torturado na época da ditadura e seus torturadores continuam aí, sorridentes, impunes e desafiantes, sem qualquer ameaça real de responderem, na democracia, pelo que fizeram nos porões do regime de arbítrio, abrigados até agora por decisões deste mesmo Tribunal que condena sem provas militantes do PT. José Dirceu coordenou a vitória legítima de Lula, para o seu primeiro mandato e as suas “contrapartes”, que compraram votos para reeleger Fernando Henrique (suponho que sem a ciência do Presidente de então), estão também por aí, livres e gaudérios.

     O desfecho atual, portanto, não encerra o processo do “mensalão”, mas reabre-o em outro plano: o da questão democrática no país, na qual a “flexão” do Poder Judiciário mostra-se unilateralmente politizada para “revanchear” os derrotados na política. Acentua, também, o debate sobre o poder das mídias sobre as instituições. Até onde pode ir, na democracia, esta arrogância que parece infinita de julgar por antecipação, exigir condenações sem provas e tutelar a instituições através do controle e da manipulação da informação?

     Militei ao lado de José Genoíno por mais de vinte anos, depois nos separamos por razões políticas e ideológicas, internamente ao Partido. É um homem honesto, de vida modesta e honrada, que sempre lutou por seus ideais com dignidade e ardor, arriscando a própria vida, em momentos muito duros da nossa História. Só foi condenado porque era presidente do PT, no momento do chamado “mensalão”. Militei sempre em campos opostos a José Dirceu em nosso Partido e, em termos pessoais, conheço-o muito pouco, mas não hesito em dizer que foi condenado sem provas, por razões eminentemente políticas, como reconhecem insuspeitos juristas, que sequer tem simpatias por ele ou pelo PT.

     Assim como temos que colocar na nossa bagagem de experiências os erros cometidos que permitiram a criação de um processo judicial ordinário, que se tornou rapidamente um processo político, devemos tratar, ora em diante, este processo judicial de sentenças tipicamente políticas, como uma experiência decisiva para requalificar, não somente as nossas instituições democráticas duramente conquistadas na Carta de 88, mas também para organizar uma sistema de alianças que dê um mínimo respaldo, social e parlamentar, para fazermos o dever de casa da revolução democrática: uma Constituinte, no mínimo para uma profunda reforma política, num país em que a mídia de direita é mais forte do que os partidos e as instituições republicanas.

     (*) Governador do Rio Grande do Sul

Vitória do Meu Rio



Favela + Limpa: a primeira vitória de 2014!

Leona - Meu Rio 


Logo do Meu Rio

Arthur,

Vitória! No apagar das luzes de 2013, você se mobilizou para dar um feliz ano novo a toda a comunidade do Cantagalo e salvar o projeto Favela + Limpa, que tinha recebido uma ordem de remoção para o dia 31 de Dezembro. Por causa da sua pressão, Leandro Neres, fundador do projeto, foi chamado para conversar com o Governo em plena semana de Natal. Nesse encontro, a Secretaria de Obras se comprometeu a manter o projeto em seu atual local de funcionamento até que um terreno alternativo seja apresentado em perfeitas condições de trabalho. Agora há pouco, o compromisso se tornou oficial!

Essa vitória é mais um exemplo daquilo que você já sabe: cariocas unidos podem sim ajudar a definir os rumos da cidade e mudá-la para melhor. Infelizmente, muitas pessoas ainda não despertaram para seu próprio poder de mudança. Esse é o momento de inspira-las! Compartilhe a imagem de vitória através do link abaixo, e mostre a seus amigos e família que juntos podemos sim construir um Rio melhor: 

http://bit.ly/compartilheessavitoria

Essa vitória é da comunidade do Cantagalo e é sua também. Ela mostra, já nos primeiros dias do ano ano novo, o que os cariocas aprenderam em 2013 quando usaram as redes e foram às ruas exigir mais participação: a melhor cidade que podemos ter é a cidade que construímos juntos.

Que essa vitória nos inspire a entender que 2014 não é apenas a promessa de um bom ano, mas é o compromisso renovado que todos os 100 mil membros da Rede Meu Rio fazem em prol de uma cidade mais cidadã, para todos os nascidos no Rio e apaixonados por esta cidade maravilhosa.

Viva o Favela + Limpa! Viva a força da nossa mobilização!

Com votos de feliz ano novo,

Leona, Alessandra, Miguel e toda a equipe da Rede Meu Rio

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Falta de objetividade





31 de dezembro de 2013 
Para Urariano/Os Amigos de 68
        Urariano, acho muito sensata a sua iniciativa conciliatória, dentro da melhor tradição do Nelson Mandela, seguramente a maior perda que a Humanidade sofreu em 2013. Inclusive, em nome da objetividade, porque não vi até agora sequer referência à questão do neocolonialismo, um problema real, que é o tema da postagem do Fernando, do Assaz Atroz; ao invés disso, temos a fofoca - desculpem, mas é o termo exato - a respeito de um problema que não existe, a discriminação contra judeus no Brasil. Sempre tive e tenho amigos dessa origem, inclusive um dos maiores dos meus setenta e quatro anos de vida, o escritor e jornalista Otto Maria Carpeaux, e jamais ouvi de algum deles qualquer queixa dessa ordem.
        O mesmo já não se aplica aos negros e às mulheres, cujos salários continuam discriminados, segundo dados recentes do IBGE, respectivamente, em relação aos brancos e aos homens.  Ou seja, apesar dos indiscutíveis avanços do nosso país no processo de democratização, ainda não foi superada esta clamorosa discriminação de cor e gênero. Diante disso, ficar repisando no caso da tal caricatura, se não for por obsessão fundamentalista ou de "ganhar a discussão", síndromes que a psicanálise pode resolver por terapia, e o candomblé, por sacudimento ou descarrego, é por desinformação ou, simplesmente, por falta do que fazer. É a minha conclusão, com a maior sinceridade e os melhores votos de saúde, paz, felicidade e sucesso a todos os companheiros e amigos de 68 do Arthur Poerner