quarta-feira, 15 de abril de 2015

Therezinha Zerbini, pioneira da luta pela anistia



THEREZINHA ZERBINI, que faleceu no mês passado em São Paulo, já ocupava, desde os tenebrosos tempos da ditadura, relevante posição na galeria dos que se notabilizaram, ao longo da nossa história, na permanente luta pelo respeito aos direitos humanos. Por isto, por maior que seja o envolvimento com os tormentosos acontecimentos políticos nacionais dos últimos tempos, não podemos permitir que, entre os males que estão acarretando, seja incluído o da desatenção quanto à perda da pioneira da luta pela anistia, da intrépida e tenaz combatente contra a tortura e contra a barbárie. Sobretudo, neste momento em que a tirania parece provocar saudosos suspiros e lembranças em facções das forças democraticamente derrotadas nas mais recentes eleições presidenciais.
     Conforme a nota divulgada, na ocasião, pela Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica, Therezinha Zerbini "ousou sonhar e transformar um sonho em realidade: a Pátria livre para todos os brasileiros. Foi a atriz e a autora de uma grande história, a da luta pela liberdade, pela justiça e pela dignidade."
   
  Serei eternamente grato a ela pela ajuda que me deu num momento de grande aflição, em 1990, quando, na única vez em que concorri a um mandato eletivo, na Câmara Federal, fui surpreendido por um infarto agudo do miocárdio em plena campanha. A deputada Yara Vargas, minha amiga do PDT, recomendou-me, então, em São Paulo, à sua amiga Therezinha, que, por sua vez, me apresentou ao seu cunhado Euríclides de Jesus Zerbini, o cirurgião que havia realizado, em 1968, no Hospital das Clínicas de São Paulo, a primeira cirurgia de transplante de coração humano na América. Com duas pontes de safena e uma mamária, o dr. Zerbini me garantiu nove anos de produtividade. sem recidiva, até o segundo infarto, em 1999. Gente da melhor qualidade, a quem muito devo, o dr. Zerbini e a Therezinha.

                                          Arthur Poerner