quinta-feira, 26 de maio de 2016

Pra "estancar a sangria" da Lava-Jato



       Depois de um fim de semana para comemorar o recuo do Temer, com a recriação do Ministério da Cultura, o início desta foi ainda mais auspicioso, com a divulgação do diálogo mantido pelo ministro do Planejamento, senador Romero Jucá, com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado -  este, às vésperas de ser admitido na chamada "delação premiada". O papo serviu para eliminar qualquer dúvida quanto ao caráter golpista da trama que resultou no impedimento, até agora provisório, da presidenta Dilma Rousseff..
       Na gravação, de março passado, o senador, investigado pela Lava-Jato em dois inquéritos sobre propinas, acentua, por isto, que é preciso "mudar o governo pra poder estancar essa sangria", ou seja, impedir o prosseguimento das investigações que põem em risco o seu mandato, assim como os de outros políticos, entre os quais destaca o colega tucano Aécio Neves. Jucá informa que, para conseguir o afastamento da Dilma,, já falara "com alguns ministros do STF" , estava "conversando com os generais. comandantes militares", e podia assegurar que estava "tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir".


                                                      Arthur Poerner

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Um domingo de derrota nacional

   
  A nossa mídia corporativa pro-impeachment, que adora divulgar notícias desfavoráveis ao Brasil, andou informando que a atual situação aqui estaria provocando "gargalhadas" pelo mundo afora. "Esqueceu-se" de declinar, no entanto, a motivação das "risadas" globais, revelada por importantes órgãos da imprensa mundial, como o New York Times e o Los Angeles Times: o julgamento de uma chefe de governo honesta, como a Dilma, por uma Câmara de Deputados presidida por réu em processos por corrupção e composta, em sua ampla maioria (60%), por parlamentares acusados ou já indiciados em processos pela mesma razão ou por fraude eleitoral, desmatamento ilegal, sequestro e homicídio, de acordo com dados da Transparência Brasil, citados por Simon Romero, do diário novaiorquino.
     O Financial Times Le Monde iam na mesma linha, com o francês destacando o absurdo que seria a substituição de Dilma, com mais de 54 milhões e meio de votos obtidos nas últimas eleições presidenciais, pelo Temer. Ressaltava-se, inclusive, que a campanha pelo impedimento era liderada pelos partidos com o maior número de acusados de corrupção. E não se deixava de citar, como "esqueciam" aqui, os inúmeros pronunciamentos de líderes políticos internacionais, tais como o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica e o ex-primeiro-ministro espanhol Felipe Gonzáles, além de dirigentes da ONU, contra o golpe tramado no Brasil. Nada para rir ou festejar, evidentemente, pelo menos para nós.
      Ao contrário, o domingo, conforme previra Dorrit Harazim, d'O Globo, foi "um dia de derrota nacional", amargo para todo o nosso povo. Em que "a cara do Brasil" que achou que havia "algo a comemorar", segundo ela, era a do "bolão do impeachment" sobre o placar da votação, lançado pelos deputados Paulinho da Força e Carlos Manato, corregedor (?) da Câmara, ambos do Solidariedade, um dos partidos do conluio Temer-Cunha pela deposição de Dilma.

                                                 Arthur Poerner