sexta-feira, 13 de novembro de 2009



Os 70 anos do Vieira

13 de novembro de 2009
Arthur Poerner

Conheço muitos garçons cearenses de Guaraciaba do Norte, município da chapada de Ibiapaba, mas nenhum deles com a popularidade e o prestígio – comprovados inclusive em concursos e pesquisas de opinião entre boêmios – do Expedito Vieira da Silva, o Vieira, que comemorou ontem, trabalhando como em todas as noites, os seus 70 anos. Com o Lamas lotado de gente para homenageá-lo.

Vieira chegou ao Rio com 17 anos, em março de 1958, e trabalhou em várias casas noturnas, mas só veio se consagrar a partir de 1976, quando começou no Lamas, o tradicional reduto de estudantes, artistas e intelectuais que está completando, este ano, 135 anos de existência. É ali que ele se orgulha de haver servido, nos últimos 33 anos, a várias gerações de famílias como, por exemplo, a do embaixador Alexandre Addor, que presidia o Caco (Centro Acadêmico Cândido de Oliveira) quando entrei, no fatídico ano de 1964, na Faculdade Nacional de Direito.

Apesar da minha insistência, Vieira garante que jamais teve problemas com os fregueses, nem mesmo com alguns daqueles que já aterrissam em estado bastante precário no bar-restaurante que sempre foi um dos últimos a fechar na noite carioca. Das conversas com o Vieira – e esta, certamente, é uma das causas da boa forma em que se encontra – somente emergem nomes que lhe trazem boas lembranças, como, entre tantos, os atores Tônia Carrero, Karlos Kroeber e Paulo Autran, os escritores e jornalistas Ferreira Gullar, José Augusto Ribeiro, Moacyr Andrade, Nani e Jaguar, o produtor cultural Albino Pinheiro e músicos como Martinho da Vila, Paulinho da Viola, João Nogueira, Moacyr Luz, João Bosco, Aldir Blanc, Nelson Cavaquinho e João do Vale.

Vieira já está aposentado, mas só pretende parar em definitivo no próximo ano, para retornar à terra natal. Vai deixar aqui um filho, engenheiro químico, e um neto de quatro anos, além da legião de amigos e admiradores que o tornaram um dos garçons mais populares do Rio de Janeiro.

2 comentários:

Emerson Menezes disse...

São personagens como o Vieira, tão bem retratado por ti, que enriquecem o cotidiano carioca. O que seriam dos bares aqui da cidade, se não fosse pela peculiaridade de cada um desses profissionais?

Belo texto!

Abraço grande!

Avelina Addor disse...

20 de novembro de 2009 20:42

Querido amigo, obrigada pelas fotos. O Vieira ficou muito feliz com a nossa iniciativa. Um grande beijo, Avelina