quarta-feira, 14 de março de 2012

Histórias inacabadas


   
     Há, pelo menos, outras 182 histórias inacabadas e/ou até agora malcontadas a serem concluídas pela Comissão da Verdade, além da relatada na reportagem multimídia de Míriam Leitão e Cláudio Renato sobre o tenebroso caso de tortura, morte e desaparecimento do corpo do ex-deputado federal Rubens Paiva no quartel da Polícia do Exército da Barão de Mesquita. Um semestre antes de Rubens, passei três meses ali, nas celas do PIC (Pelotão de Investigações Criminais), depois de preso na Redação do Correio da Manhã, e foi o suficiente para que a vivência de horror me acompanhasse, sob a forma de pesadelos, ao asilo político na Alemanha. Deles somente consegui me livrar pela catarse literária, com o romance Nas profundas do inferno, que só pôde sair no Brasil com a anistia, em 1979, depois de publicado na Espanha e na Itália.
     É difícil entender como ainda há militares brasileiros que, ao contrário dos seus colegas do Cone Sul, não atinaram com o prejuízo causado às imagens das suas respectivas instituições pelo corporativismo solidário com os crimes cometidos em nome delas. Sem compreenderem também que a memória – inclusive a má, negativa – é parte indissociável da identidade nacional.


                                                  Arthur José Poerner

Um comentário:

Glauco de Oliveira disse...

7 de março de 2012 08:49


Ótimo, Poerner. Poderia ampliar um pouco o texto. Mesmo assim, vou distribuir a nota pela rede. Ontem, estive com o Louzeiro e enviou um abraço para você. Outro abraço do Glauco