segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Paradas cardíacas do amigo ex-marinheiro Antonio Duarte



Em 1.02.2014, Adail Ivan de Lemos 

Prezados amigos e companheiros, 
É com grande satisfação que comunicamos que nosso companheiro Antonio Duarte foi operado no Hospital São Carlos em Lisboa. Submeteu-se a uma operação de ponte de safena depois de 9 paradas cardíacas consecutivas (o que colocou sua vida constantemente em perigo), 
 O resultado da cirurgia foi considerado excelente pelos médicos.
Duarte já conseguiu entrar em contato telefônico com nosso companheiro Fernando no Rio de Janeiro. 
Graças a Deus, Duarte não irá abandonar o nosso convívio, especialmente dos seus companheiros que continuam firmes e combativos na luta contra o entulho deixado pela ditadura. 
Abs 
Adail Ivan de Lemos

 De: Arthur Poerner
Data: 3.02.2014

        Adail, meu caro,
        excelente notícia, pois gosto muito dos irmãos Duarte, que conheço desde o tempo em que apoiava, com o querido amigo e ex-colega da Marinha de Guerra Ferro Costa, o movimento dos marinheiros, eu já escrevendo no Correio da Manhã, no período imediatamente anterior ao golpe militar. Com o Antônio, estive, pela última vez, quando o convidei para jantar comigo no Armazém Carioca, aqui na esquina, no Leme, já faz algum tempo e ainda morava fora. De saúde, parecia muito bem, mas, em matéria de saúde, a aparência pode não dizer nada, pois eu também sou safenado e padeço de cardiopatia coronariana grave, sem que se possa perceber algum indício externo, inclusive porque jamais renunciei ao uisquinho antes e à taça de vinho tinto seco no acompanhamento da principal refeição, assim como a um pitozinho. Ainda bem que as coronárias não ficam expostas...Eu me sentiria nu diante dos amigos e companheiros,,,
          No Colégio Naval, em Angra dos Reis, onde se deu a nossa promoção à aspirante, com a consequente transferência à Escola Naval, o Ferro Costa e eu chegamos a ser punidos pela insistência em participar das peladas com os marinheiros. A integração com os subalternos, mesmo no futebol,  não era 'recomendável' aos futuros oficiais. É inclusive por isto que incluo A revolta da chibata, do Edmar Morel, na lista dos dez livros que se deve ler, necessariamente, para conhecer o Brasil, pois exibe a ideologia autoritária, elitista e excludente que marcou a nossa formação nacional. É contra isto que estamos lutando a toda hora.
            Foi por intermédio do pai do Ferro Costa, o sempre simpático e afável médico João Hamilton, que cheguei, em 1962, ao jornalismo, depois que fui desligado, por mais um ato de indisciplina, da Escola Naval. Como eu gostava de escrever, me indicou a um amigo, o jornalista pernambucano Wagner Teixeira, que me colocou na redação do Jornal do Commercio, o do Rio. Eu estava, enfim, na minha praia...
           Veja quanta memória veio à tona com a boa notícia que você me trouxe sobre a melhora do estado de saúde do grande companheiro Antonio Duarte. Como estou escrevendo um livro sobre aquela fase da minha vida, esta mensagem já virou quase um capítulo. Mais uma razão para te agradecer a boa nova. Com o abraço do  Poerner

3 comentários:

Antonio Carlos Poerner disse...

04.02.2014

Boa nova! Maravilhoso. Escreve muito bem.

Pedro Viegas disse...

Em 04.02.2014

Caro Amigo

De nosso canto, aqui, estamos exultantes com a evolução da saúde do Duarte. Logo que soubemos do que o acometeu, ficamos impacientes. Afinal, um grande companheiro com quem tive a oportunidade de conviver, na militância e fora dela. A última vez que nos encontramos foi em Guarapari (ES), como nosso convidado. Sempre muito educado, por vezes com críticas acerbas, o que convém a intelectuais lúcidos e sérios. Antônio Duarte é um intelectual. Sei, tenho certeza, que, pela sua força interna e toda essa corrente de pensamento positiva, não terá sua (nossa) canoa afundada.



No teu comentário a respeito, citas Ferro Costa. Há tempos não sei dele. Por acaso, em família, há ligações que me parecem interessantes como lembrança e mesmo como lições de vida. Houve um cidadão, sargento do Exército, que desejava que os filhos fossem, obrigatoriamente, militares. Um deles, mordido pela mosca azul, segundo os próprios irmãos, chegou a general. Os outros "desertaram", optando pelo professorado na área química e física, para desespero ou frustração do pai. Chego a pensar que, pela época, foram contemporâneos teus na Escola Naval. Um nome: Airton Caldas. Ele, pessoa tranquila. Não tivemos muitos contatos, porque ele no Rio e nós em SP (capital, por deveres de ofício - trabalhávamos em uma revista). Mas nos encontramos em algumas oportunidades de bom tom, sintonia agradável em nossas conversas e coincidências de pensamento.
Como conversa puxa outra, vou ao Correio da Manhã, onde muitas vezes fui te procurar em final de tarde para trocar ideias. Em geral, concluías teus escritos sobre questões internacionais depois de ouvir fontes no Itamaraty. Eu estando nos "Diários Associados" - O Jornal - não tinha como fazer passar certas matérias, facilitavas. Sempre que vou ao Rio, fico em um hotel na Gomes Freire, quase em frente à antiga sede do Correio da Manhã. O imaginário corre. Sem ser saudosista, pois tenho consciência que na vida tudo passa, saudades existem, em especial de momentos que marcam a existência. Miro o prédio fechado, deteriorando, com muita coisa dentro, sobretudo o pensamento de um momento de resistência. História, enfim, concordando ou não com suas esquinas, suas dobras e contornos não muito raros suspeitos. No Salsa e Cebolinha é onde costumo almoçar.



Bem, amigo, não quero tomar teu precioso tempo. Apenas senti a necessidade de conversar contigo, em um instante em que um companheiro passa por momento difícil, mas que, felizmente, pelas últimas informações, está se saindo bem. E vai vencer mais essa parada.
Um grande abraço, do sempre Viegas. Teca, a companheira destes últimos 43 anos (quanta tolerância com este velho) pega carona e te manda saludos.

André Borges disse...

12.2.2014

Companheiros Ivan e Poerner,
não poderia deixar de comentar a atual situação do grande companheiro Antonio Duarte, com quem convivi na prisão algum tempo,quando participamos de uma fuga armada, realizada na Penitenciária Lemos Brito, por volta de 69. Posso dizer assim, que estou mui alegre em saber que o Duarte sobreviveu e que em breve estará conosco dando continuidade à luta que continuamos a defender para que o nosso Brasil seja um país soberano, sem fome e igualitário.
Até lá, venceremos!

"Podem matar uma rosa, mas nunca impedirão a chegada da primavera"
Guevara

Coordenação Estadual do Círculo Palmarino

Saudações Palmarinas