segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A MAIOR NOVIDADE DA OPERAÇÃO LAVA-JATO


 
 
  O artigo "A Lava-Jato e o Partido dos Trabalhadores",  do eminente professor Wanderley Guilherme dos Santos, é uma bem fundamentada análise do escândalo de corrupção que tumultua o cenário político nacional. Conforme ele explica, citando exemplos históricos como a Grã-Bretanha e os EUA, a corrupção é própria da evolução das principais sociedades capitalistas, como vem sendo, já há muito tempo, inclusive da nossa. Novidade mesmo, ainda que relativa, só é a concentração de acusações, pelo que informa a grande mídia, em políticos do PT, partido que, antes do Mensalão, jamais se vira envolvido nessas práticas delituosas.
       Por considerar imprescindível a completa e irrestrita apuração das graves denúncias, manipuladas pela oposição com o indisfarçável objetivo de uma revanche pela quarta derrota consecutiva nas eleições presidenciais, sempre achei um erro político a resistência às investigações do Ministério Público, mediante campanha contra o juiz Sérgio Moro ou contra Rodrigo Janot, o procurador-geral da República que o Senado acaba de reconduzir ao cargo por ampla maioria: de 59 a 12 votos.
       A corrupção é uma forma de putrefação social, um mal indefensável e suprapartidário que tem que ser banido em nome e com a ajuda do povo explorado e excluído, que, pelo menos até agora, sempre foi quem acabou pagando a conta. Mas, quem sabe se não será diferente desta vez ? Quando o coleguinha Elio Gaspari, que conheci quando dava os seus primeiros e promissores passos no jornalismo, já chamou a atenção para o que batizou, acertadamente, de "fenômeno histórico: a Lava-Jato feriu o coração da oligarquia brasileira. Tanto burocratas oniscientes como empresários onipotentes estão encarcerados em Curitiba..." Algum de vocês já tinha visto isso antes ? Pois é, e eu nem precisaria acrescentar que esta é a maior novidade neste caso.

                                             Arthur Poerner

8 comentários:

Ana Maria disse...

Excelente comentário. Estou compartilhando.

Claudio Menezes Santos disse...

Parabéns pelo texto concordo que a corrupção e suprapartidário mais não me surpreende a participação do PT pois sempre tive a certeza que quando o PT estivesse no governo isso aconteceria pois ao se juntar ao PMDB sabíamos que era um fato espero que outras lavo jato de outros partidos apareça abraço

Nilson Lage disse...

A Lava-Jato tem dois problemas. Um poderia ser tolerado, em sua excepcionalidade, não fosse o outro: é que está em desacordo com a norma jurídica e viola direitos constitucionais. Tolerável, apenas como remédio excepcional para um procedimento que se adequou ao sistema de modo a fugir a qualquer tentativa de repressão por via legal; exceção, decerto, perigosa. Mas o que torna a Lava-Jato suspeitosíssima é que é voltada exclusivamente para um partido político e um grupo de empresas, deixando de lado quaisquer outras das conhecidas e abundantes falcatruas; que esse grupo de empresas reúna justamente aquelas que invadem o mercado internacional de serviços oferecendo, com apoio do estado brasileiro (como acontece em qualquer país capitalista), condições competitivas de atuação, sem imposições politicas; que tais empresas sejam as que se habilitam a deter tecnologia e expertise na produção de itens sensíveis nos setores de energia e defesa. Acresce um fator contextual - a tensão nas relações internacionais - e outro politico - a identificação entre os agentes repressores, grupos de direita e uma imprensa que, todos sabem, vendeu-se há muito ao poder global.

Antonio Francisco da Silva disse...

Papagaio faz das suas
Periquito paga o pato
A raposa se insinua
O galo se faz de gato.
Lembra toda coalizão
Onde intriga se repete
Mostrando sua opção
Ao vestir camisa sete.
Amarelo não é bege
O peixe caiu na rede.
Todo mundo se protege
Encostado na parede.
A vergonha foi embora
E não disse para onde
Mas isso não é de agora
Viajou antes do bonde.
E quem disso se aproveita
Aplica golpe maior.
É a turma da direita
Do quanto pior, melhor.

Marcos Poggi disse...

Só para concordar com você quanto ao fenômeno da corrupção e à "Lava-Jato" e registrar que fui testemunha pessoal da sua proximidade com o Elio Gaspari na juventude, pois o conheci em sua casa ali na Rua Eurico Cruz (ou seria na Getúlio das Neves?) ali no Jardim Botânico.

Arthur Poerner disse...

Foi na Eurico Cruz, Poggi, minha última residência antes do exílio, de onde os agentes do DOI-Codi levaram mais de cem livros, enquanto outro grupo me prendia na Redação do "Correio da Manhã". Jamais consegui reavê-los, apesar de todo o empenho do Evaristinho, o meu advogado.

Jose Luiz disse...

Artigo perfeito. Quanto ao Hélio Gasparari, me lembro bem, ele ainda era conhecido como parmegiani, apelido que ganhou quando trabalhava na Prensa Latina e cunhado por Aroldo Wal

Josè Salles disse...

Admiro muito o Elio, desde antes dele trabalhar para o Ibrahim Sued. Este comentário que você cita, Poerner, não vi.