domingo, 29 de novembro de 2015

A mídia não escolhe os mortos por quem devo chorar


      Continuo chocado com o massacre perpetrado pelo Estado Islâmico em Paris, mas também com o que, há uns sete meses,ceifou a vida de 142 estudantes em Garissa, no Quênia, promovido pelo Al-Shabaab, grupo terrorista ligado a Al-Qaeda. Como não esquecerei jamais os milhares de mortos na inauguração do terrorismo oficial de Estado, em 1945, quando eu tinha cinco anos, com as bombas atômicas norte-americanas em Hiroshima e Nagasaki.
      Se esta extensa convivência com matanças, inclusive ao longo de meio século de trabalho jornalístico, me ensinou algo, é que não devemos permitir jamais que a grande mídia, nacional ou internacional, selecione os mortos pelos quais devemos chorar. Por que nada sabemos, por exemplo, sobre os mortos nos bombardeios franceses e de outras grandes potências na Líbia ? Por que somente os mortos do chamado "mundo ocidental cristão" merecem ser pranteados ?


                                               Arthur Poerner


Um comentário:

Pedro Porfírio disse...

Valeu, Poerner,

Suas reflexões precisas são providencialmente oportunas.