sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Orelha da 2º edição de 'Leme: Viagem ao fundo da noite', com lançamento previsto para 1º de outubro, dia dos meus 70 anos, na 'Fiorentina'



Amor ao Leme



Por razões de seu espírito independente e indômito, que o levou ao exílio, Arthur José Poerner tornou-se um cidadão do mundo, sem deixar de irrigar permanentemente as raízes que o prendem ao Leme, bairro do Rio de Janeiro que ele cantou em prosa e verso na primeira edição deste livro, agora ampliado na segunda edição, com novas informações, novos casos e até mesmo um pouco de invenção, pois dessa matéria se fazem as grandes histórias sobre a vida das cidades.

O Leme não é exatamente um bairro típico do Rio de Janeiro, mas sim uma espécie de Urca, um cul-de-sac, com uma vantagem sobre a Urca: tem duas favelas nos morros que o circundam, o Chapéu Mangueira e a Babilônia. Para muitos, uma desvantagem, mas, para o autor desta orelha, uma oportunidade de convivência, de comunicação entre os que estão à beira-mar plantados e os das colinas, para que se conheçam e possam, juntos, melhorar a vida do bairro, mesmo que seja apenas conversa amiga, ao tomar o cafezinho no balcão de um dos muitos bares da área.

Morei com minha família doze anos no Leme e estou certo de que a comunicação entre os vizinhos, o estabelecimento de uma atmosfera de quartier no bairro que se estende do morro à praia será saudável para uma comunidade que pode ser considerada das mais generosas do Rio de Janeiro.

O texto de Poerner, jornalista de grande experiência com quem convivi na redação do Correio da Manhã, na primeira fase dos anos de chumbo do século passado, transmite ao leitor, ao contar a sua história, o desenho de um local tranqüilo, pleno de casas e sobrados, servido pelo bonde da Light que passava pela Gustavo Sampaio, e onde, do lado da praia, apenas um ou dois bares fechavam suas portas às dez da noite.

Hoje, tudo mudou e nessa mudança o flâneur do passado encontrará uma transformação que não o desfigurou. O texto de Poerner nos conduz por este passeio no tempo e no espaço, em prosa límpida e agradável, onde transborda, antes de tudo, o seu amor, tardio, é verdade, mas autêntico, sobre o bairro.


Cícero Sandroni

Escritor e jornalista

Um comentário:

Anônimo disse...

Como pude presenciar em raro momento assim dizia Anselmo Duarte ; "Ganhar a palma de ouro é fácil, difícil é agradar na Fiorentina". Extrema colocação sinéstésica de Cícero, faz de certo, que o vosso lugar à passeio ao à "regular" ( casa da classe artística, intelectual e teatral do RJ ) mais uma vez uma, ampare seus braços, para a digna homenagem, ao jovem eterno Poerner. Desde dos meus famigerados tempos que a encomenda de garrafas exclusivas de Whiskie, era a minha presunção de ajudá-lo com as palavras e os amigos em circuferência, fez-me entender o poema tecido pelo NOBRE ARTHUR, para a colunável Fiora. Que a data seja comemorada e filmada por um GLAUBER ou quiça, Nelson...!! e por que não...? Só assim os FOTOgramas das paredes ganharão movimento, aos olhos do gênio, e a inspiração das numerosas palavras que se estenderão como oferta aos ouvidos de Poerner.Estarei lá para o digno abraço ao amigo que estendeu-me sempre o seu par de braços como punho !!

Fabuloso Cícero estaremos lá!!

Hélio Rodrigues
www.batiamaquina.blogspot.com