quarta-feira, 25 de maio de 2016

Um domingo de derrota nacional

   
  A nossa mídia corporativa pro-impeachment, que adora divulgar notícias desfavoráveis ao Brasil, andou informando que a atual situação aqui estaria provocando "gargalhadas" pelo mundo afora. "Esqueceu-se" de declinar, no entanto, a motivação das "risadas" globais, revelada por importantes órgãos da imprensa mundial, como o New York Times e o Los Angeles Times: o julgamento de uma chefe de governo honesta, como a Dilma, por uma Câmara de Deputados presidida por réu em processos por corrupção e composta, em sua ampla maioria (60%), por parlamentares acusados ou já indiciados em processos pela mesma razão ou por fraude eleitoral, desmatamento ilegal, sequestro e homicídio, de acordo com dados da Transparência Brasil, citados por Simon Romero, do diário novaiorquino.
     O Financial Times Le Monde iam na mesma linha, com o francês destacando o absurdo que seria a substituição de Dilma, com mais de 54 milhões e meio de votos obtidos nas últimas eleições presidenciais, pelo Temer. Ressaltava-se, inclusive, que a campanha pelo impedimento era liderada pelos partidos com o maior número de acusados de corrupção. E não se deixava de citar, como "esqueciam" aqui, os inúmeros pronunciamentos de líderes políticos internacionais, tais como o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica e o ex-primeiro-ministro espanhol Felipe Gonzáles, além de dirigentes da ONU, contra o golpe tramado no Brasil. Nada para rir ou festejar, evidentemente, pelo menos para nós.
      Ao contrário, o domingo, conforme previra Dorrit Harazim, d'O Globo, foi "um dia de derrota nacional", amargo para todo o nosso povo. Em que "a cara do Brasil" que achou que havia "algo a comemorar", segundo ela, era a do "bolão do impeachment" sobre o placar da votação, lançado pelos deputados Paulinho da Força e Carlos Manato, corregedor (?) da Câmara, ambos do Solidariedade, um dos partidos do conluio Temer-Cunha pela deposição de Dilma.

                                                 Arthur Poerner

Um comentário:

Eugenio Viola disse...

Excelente, caro Poerner !! A mídia internacional esclarece e os correspondentes estão dando aula de Jornalismo. A mídia nativa (com raríssimas exceções de alguns colunistas ) oculta e distorce. Que todos possam compartilhar de seu texto. Omissão nesse momento é sinônimo de conivência com o que os principais meios de comunicação estrangeiros consideram: É GOLPE!
Forte abraço,